12.7.12

Discalculia

                   O que é a discalculia?
O termo discalculia é usado frequentemente ao referir-se, especificamente, à inabilidade de executar operações matemáticas ou aritméticas. É, pois, um distúrbio neurológico caracterizado pela dificuldade no processo de aprendizagem do cálculo e que se observa, geralmente, em indivíduos de inteligência normal, que apresentam inabilidades para a realização das operações matemáticas e falhas no raciocínio lógico-matemático.
Para o manual de Diagnóstico e Estatística de Distúrbios Mentais - DSM-IV (2002), o transtorno nas operações Matemáticas é caracterizado pela incapacidade para a realização de operações aritméticas, cálculo e raciocínio inferior à média esperada para a idade cronológica, capacidade intelectual e nível de escolaridade do individuo e dificuldades que trazem prejuízos significativos em tarefas diárias que as exigem ou apresentam algum deficit sensorial, destacando-se que as dificuldades matemáticas excedem aquelas geralmente associadas.
De acordo com Johnson e Myklebust (1983 como citado em Silva, 2008): " Este transtorno não é causado por deficiência mental, nem por deficit visuais ou auditivos, nem por má escolarização". Ainda, segundo os autores, o portador de discalculia comete erros diversos na solução de problemas verbais, nas habilidades de contagem, nas habilidades computacionais, na compreensão dos números.

Segundo os pesquisadores, a criança com discalculia é incapaz de:

a) Visualizar conjuntos de objectos dentro de um conjunto maior;
b) Conservar a quantidade, o que a impede de compreender que 1 quilo é igual a 4 pacotes de 250g;

c) Compreender os sinais de soma (+), subtração (-), divisão (:) e multiplicação (x);
d) Sequenciar números, como por exemplo, o que vem antes do 11 e depois do 15 (antecessor e sucessor);
e) Classificar números;
f) Montar operações;
g) Entender os princípios de medida;
h) Lembrar as sequências dos passos para realizar as operações matemáticas;
i) Estabelecer correspondência um a um, ou seja, não relacionar o número de alunos de uma sala à quantidade de carteiras;
j) Contar através de cardinais e ordinais.

Convém destacar, ainda, que os processos cognitivos envolvidos na discalculia são:
a) Dificuldade na memória de trabalho;
b) Dificuldade de memória em tarefas não-verbais;
c) Dificuldade na soletração de não-palavras (tarefa de escrita);
d) Ausência de problemas fonológicos;
e) Dificuldade na memória de trabalho que implica contagem;
f) Dificuldade nas habilidades visuo-espaciais;
g) Dificuldade nas habilidades psicomotoras e perceptivo-tácteis.

De acordo com Silva (2008), diversas habilidades podem ser prejudicadas pelo transtorno, como: habilidades linguísticas (compreensão e nomeação de termos, operações ou conceitos matemáticos, e transposição de problemas escritos em símbolos matemáticos); perceptuais (reconhecimento de símbolos numéricos ou aritméticos, ou agrupamento de objectos em conjuntos); de atenção (copiar números ou cifras, observar sinais de operação); e matemáticas (dar sequência e etapas matemáticas, contar objectos e aprender tabuadas de multiplicação).
Este tipo de transtorno requer certa urgência na sua identificação, pois o quantos antes forem diagnosticados, mais fácil tornar-se-á o processo de intervenção (Silva M., 2008).
             As causas da discalculia:
Em relação às causas deste transtorno, podemos dizer que existem inúmeras, mas de acordo com cada enfoque científico têm se dado mais importância a umas e a outras. Assim por exemplo, diferentes autores (Badian, 1983; Fernandez Llopis & Pablo, 1991; Gerstman, 1959; Luria, 1966; Mercer, 1983; Rourkler, 1982; entre outros, como citado em Arándiga, 1998, p. 337) apontam como causas diversas de discalculia as seguintes:
  • Lesões cerebrais;
  • Alterações neurológicas;
  • Aparecimento tardio da linguagem;
  • Estados hiperemotivos;
  • Aspectos genéticos;
  • Alterações mo desenvolvimento intelectual: raciocínio lógico-abstracto;
  • Factores de maduração: atenção, memória imaginação, psicomotricidade, lateralidade, ritmo, etc.;
  • Deficiência nas habilidades verbais;
  • Alterações psicomotoras;
  • Falta de consciência dos passos a seguir;
  • Dificuldades no pensamento abstracto;
  • Falta de motivação;
  • Perturbações emocionais;
  • Problemas sócio-ambientais;
  • Absentismo escolar;
  • Transtorno de conduta;
  • Falhas estratégicas;
  • Lentidão na resposta;
  • Problemas de memória para automatizar as combinações numéricas básicas;
  • Utilização de uma linguagem inadequada para crianças;
  • Escassez de conhecimentos prévios;
  • Falta de automatização dos procedimentos simples do cálculo.
A perspectiva neuropsicológica segundo Arándiga (1998) postulou que as dificuldades de aprendizagem na matemática são os resultados dos seguintes instrumentos:
Verbal - o número como um signo linguístico.
Afasia sensorial: alterações acústico-gnósicas por lesões do temporal esquerdo.
Afasia motora: alteração da linguagem interna por lesões do frontal esquerdo.
Visuo- espacial - lesões do lobo parietal.
Alterações das imagens numéricas.
Alterações do reconhecimento espacial do número (dislexia).
Práxicos - lesões do lobo temporal parietal.
Alterações dos gestos motores (disgrafia).
Conceptual - lesões do lobo temporal-ocipital-parietal.
Perda do conceito do número.
Planificação -
Lesões da área frontal esquerda: dificuldade para planificar a resolução de problemas numéricos.
Lesões da área frontal direita: dificuldade para planificar a resolução de problemas espaciais.
O mesmo autor afirma ainda que as pessoas adultas que padeceram lesões em alguns destes instrumentos ocorre discalculia adquirida e em casos de crianças com dificuldades matemáticas, vêem a mostrar que esta funções neuropsicológicas implicadas no processo do cálculo não são adequadamente desenvolvidas (discalculia evolutiva).

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